Escrito por Gladys GhizoniTeive e Norberto Dallabrida
No próximo dia 20 de maio, o quarto grupo escolar implantado no Estado de Santa Catarina completará 100 anos. Trata-se do Grupo Escolar Vidal Ramos, de Lages, a cidade-polo do Planalto Serrano Catarinense. Seu nome foi uma homenagem ao governador que empreendeu a mais espetacular reforma da instrução pública do estado, conhecida como Reforma Orestes Guimarães, que reestruturou o ensino primário catarinense.
O monumental prédio, em estilo palaciano, o único com dois pavimentos, foi construído, como os demais, no centro da cidade, ao lado da igreja matriz. Esta monumentalidade dava-lhe destaque no cenário urbano da cidade, materializando o poder da família Ramos na Primeira República, que dominava a política regional e estadual. A fotografia acima, revela parte das festividades que a inauguração do grupo teve na cidade natal do governador, que na época era o político lageano de maior prestígio em Santa Catarina, pois ocupava pela segunda vez o executivo catarinense.
No seu discurso, Vidal Ramos defendia que o grupo escolar deveria proporcionar a democratização quantitativa da educação escolar no Estado, afirmando: “[...] estes pavimentos foram feitos para serem pisados, tanto pelo calçado do rico como pelo pé descalço do pobre. Aqui todos são iguais perante o mestre; aqui todos têm o mesmo direito, porque se os ornamentos deste edifício foram feitos com o ouro dos ricos, as paredes que o sustentam, foram argamassadas com o suor dos pobres”.
Hoje sabemos que os pobres demorariam a pisar nos grupos escolares catarinenses, frequentando, quando muito, as escolas isoladas e ou reunidas, que evidentemente não tinham as mesmas condições não só físicas quanto pedagógicas dos grupos escolares, considerados a “Escola da República”. E, quando os filhos daqueles que construíram as suas paredes puderam lá pisar em maior número, o “Colégio Rosa”, como também era conhecido em Lages, já não possuía o mesmo glamour e o prestígio das primeiras décadas, tal como aconteceu com os demais grupos escolares implantados pela Reforma Orestes Guimarães.
De modo que em 2011 a sua deterioração física era tal, que precisou ser fechado e seus alunos, professores e funcionários foram alojados em novas instalações. Hoje o “Vidal Ramos” passa por uma profunda restauração para abrigar um centro cultural.
Professores da UDESC e autores de “A Escola da República: os grupos escolares e a modernização do ensino primário em Santa Catarina (1911-1918) (Editora Mercado de Letras, 2011).