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Jornal da Educação

Histórias da Educação (Edição Dezembro/2015)

CEMAS: “onda memorial” do Atheneu Sergipense

Escrito por Norberto Dallabrida

    Na obra “Regimes de Historicidade”, François Hartog anota que “sob o efeito de uma vida social cada vez mais acelerada, há cada vez mais memórias coletivas”. O nosso cotidiano é plasmado por “ondas memoriais”, que valorizam cada vez mais o patrimônio histórico-cultural e provocam o aumento de fenômenos comemorativos.

 

   Em boa medida, esse processo do tempo presente coloca-se no subcampo da História da Educação por meio da produção de trabalhos que procuram compreender memórias de escola (docentes, discentes e indecentes), da preocupação com a preservação de conjuntos documentais e da iniciativa de criação de museus escolares. E já há grupos de pesquisa e colóquios sobre o patrimônio educacional, creio que com predominância de licenciados em Pedagogia que se deslocaram para o campo historiográfico. 

 

    Pois bem, em recente viagem de trabalho, tive a agradável oportunidade de visitar o Centro de Educação e Memória Atheneu Sergipense (CEMAS), localizado no edifício do Colégio Estadual de Sergipe, em Aracaju, sendo dirigido pela professora Eva Maria Siqueira Alves, da Universidade Federal de Sergipe. Criado em 2005 no clima de comemorações do sesquicentenário da criação de Aracaju, o CEMAS tem envidado esforços no sentido de realizar releituras de um notável estabelecimento de ensino secundário, criado em 1870 e reinventado no período republicano, fixando morada definitiva em um prédio moderno do início da década de 1950. Pensei com os meus botões barriga-verdes: um belo exemplo para o nosso Museu da Escola Catarinense, que ainda é um projeto no papel e um edifício bem reformado.

 

    Em 2005, a criação do CEMAS foi acompanhada pela publicação de “O Atheneu Sergipense: traços de uma história”, de Eva Maria Siqueira Alves. Trata-se da obra fundadora do investimento de releituras históricas da “casa de educação literária” de Sergipe, que vem se desdobrando por meio trabalhos acadêmicos orientados pela diretora e animadora do CEMAS. Um excelente exemplo é a tese de doutorado intitulada “Com a palavra, os alunos: associativismo discente no Grêmio Literário Clodomir Silva (1934-1956)”, de Simone Paixão Rodrigues, defendida no presente ano. Esse trabalho estuda um grêmio literário do Atheneu Sergipense à luz do “modelo de associativismo voluntário”, que explora a sociabilidade estudantil como um elemento significativo da cultura escolar. Desta forma, a professora Eva Maria tem sido a grande entusiasta da atual “onda memorial” do Ateneu Sergipense.

 

    O CEMAS vem se consolidando como uma experiência exitosa de releituras do Atheneu Sergipense, que articula uma universidade pública com a Educação Básica, contribuindo para lembrar, sobretudo, momentos de qualidade e de eficácia do ensino secundário brasileiro, que podem ajudar a enimar o desafio de reinventar o atual ensino médio.

 
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