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Jornal da Educação

Histórias da Educação (Edição Outubro/2015)

SETE DE SETEMBRO EM DOIS TEMPOS

Escrito por Iara Steiner Perin*  e  Norberto Dallabrida**

    Setembro é o mês de rememorar a Independência política do Brasil. Como é de costume, desfiles são organizados em todo o país, mas comemorá-la de fato não tem sido mais a tônica. Em um momento no qual o país enfrenta uma grave crise econômica e denúncias de corrupção em todos os escalões do governo, além do ritual oficial, o 7 de Setembro revela um nacionalismo que mais tem a ver com liberdade de expressão, exteriorizando críticas duras especialmente ao governo federal.

 

    Mas nem sempre foi assim. Um dos exemplos dessa variação de sentido do 7 de Setembro é aquela apropriada pelos governos da ditadura militar instaurada com o golpe de 1964.

 

    Assim como esta, geralmente as alterações de regime político no Brasil ocorreram com exígua participação popular, mas dirigidas por segmentos das elites. O nacionalismo foi incentivado conforme as necessidades dos governos em cada momento e, nas décadas 1960 e 1970, ele tinha um caráter notadamente anticomunista.

 

     As comemorações cívicas são estratégias que dão forma e conformação às sociedades, de sorte que, em momentos de ruptura política, elas são acionadas para recuperar o equilíbrio e construir a identidade social necessária.

 

     Através da propaganda política elaborada pela Assessoria Especial de Relações Públicas (AERP), os governos militares entre 1964 e 1985 procuraram transmitir a imagem de um Brasil próspero e, assim, estimular a participação popular nos atos cívicos.

 

     A conquista da Copa do Mundo de Futebol em 1970 impulsionou ainda mais o propósito daquele órgão, como se pode constatar na imagem acima, recheada de símbolos como cartazes e bandeiras, além das marchinhas e frases prontas em favor do país.

 

      Além deste evento, o ano de 1972 marcava o sesquicentenário da independência política do Brasil, que igualmente contribuiu para a fortalecer a identidade nacional num contexto em que ela poderia parecer ameaçada.

 

     Por outro lado, já em finais da década de 1970 e início dos anos 1980, com os primeiros sintomas de redemocratização, como a anistia política e o Movimento das Diretas, o clima era de esquecimento do passado, pois o governo que estimulou aquele nacionalismo era também o que deixou uma sombra de repressão e censura.

 

    A partir daquele momento, as comemorações da data da independência política do Brasil, passaram a ser redesenhada por movimentos sociais e políticos, que criticavam e denunciavam o arbítrio do regime militar e clamavam pela redemocratização da sociedade brasileira.

 

     Diferente dos anos de chumbo, o 7 de Setembro passou a contar com a participação popular e, posteriormente, produziu novos eventos como “o grito dos excluídos”.

 

    Enfim, as comemorações do 7 de Setembro durante o regime militar e no processo de abertura política foram marcadas por rituais assimétricos.

 

     Em outros momentos históricos a celebração da independência política do Brasil foi ressignificada com o intuito de ajudar a construir a cultura política dominante, usando, de modo específico e oportuno, do passado e do futuro. E, às vezes, a contestá-la...

 

* Graduada em História e mestranda em História pelo PPGH da UDESC. 

** Pesquisador do CNPq e professor de da UDESC e colunista do Jornal da Educação.

 
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