Escrito por Norberto Dallabrida
Nascido em Munique, em 1854, Georg Michael Kerschensteiner foi o criador de um dos métodos desenvolvidos a partir de princípios da Escola Nova, qual seja: a escola do trabalho. Doutor pela Universidade de Munique, foi pedagogo e deu aula em alguns colégios como professor de matemática e de ciências naturais e, a partir de 1895, dedicou-se ao seu modelo de escola por 25 anos, sendo que a sua fama espalhou-se por toda a Europa, o que fez com que ele começasse a escrever suas principais ideias pedagógicas.
Como seu método continha os princípios da escola nova, ele defendia que a vontade de aprender deveria partir da criança, pois ele também concordava com o princípio de que o aprendizado acontece de dentro para fora e não de fora para dentro. Diziam que se a criança não tivesse vontade e interesse pelo assunto, não aprenderia. Kerschensteiner acreditava principalmente que a educação deveria servir para a formação “cívica” e “social” dos alunos. A escola deveria funcionar como uma “mini”-sociedade, formando cidadãos úteis ao Estado. Para ele “o caminho para o homem ideal passa pelo homem útil”. E para chegar a esse ideal a escola teria que ser como uma sociedade em miniatura para que as crianças já aprendessem a viver e conviver, “trabalhar” como uma sociedade, além de ser baseada mais em atividades.
A escola criada por Kerschensteiner também leva muito em conta a individualidade de seus alunos. Trabalhando com os “dons naturais” de cada um para que pudessem desenvolver-se ao máximo naquilo que estaria predisposto a aprender com facilidade e poderia passar a trabalhar com isso em sua vida. Como ele próprio diz: “La educación no es nunca nada que vaga en la superficie. Es siempre algo que va a la profundidad”. A partir desta frase dele, podemos ver como ele acreditava que a educação é algo realmente do nosso interior e que deve ocorrer de dentro para fora. Kerschensteiner ainda afirma que “se o professor tiver penetrado apenas superficialmente no “terreno” a ser ensinado, será para ele muito difícil de educar este aluno com a autoavaliação e autocontrole, que é o que torna a escola do trabalho uma escola moral. Os alunos se autoavaliam, inclusive, para ver se estão utilizando todas as suas capacidades para atingir o seu máximo.
Segundo Kerschensteiner, a “sociedade” (mesmo que seja a “mirim”), deve trabalhar unida, pois diz ele que a educação só é possível se todos os indivíduos estiverem dispostos a encontrar os interesses em comum e trabalhá-los juntos. Além disso, indica os 3 princípios básicos para implementação o seu método:
1 – A Escola do Trabalho é uma escola que entrelaça, na medida do possível, sua atividade educativa às disposições individuais em seus alunos, e multiplica e desenvolve para todos os lados possíveis estas inclinações e interesses mediante uma atividade constante nos respectivos campos de trabalho.
2 – A Escola do Trabalho é uma escola que trata de conformar as forças morais do aluno, destinando-se a examinar constantemente seus atos de trabalho, para ver se expressam com a maior plenitude possível o que o indivíduo sentiu, pensou, experimentou e desejou, sem enganar-se a si mesmo nem aos outros.
3 – A Escola do Trabalho é uma escola de comunidade de trabalho na qual os alunos – enquanto seu desenvolvimento é suficientemente alto – aperfeiçoam-se, ajudam e apóiam, recíproca e socialmente, a si mesmos e às finalidades da escola, para que cada indivíduo possa chegar à plenitude de que é capaz por sua natureza”.
Como pudemos analisar o trabalho é, para Kerschensteiner, um exercício para a formação e preparação de cidadãos úteis. Para ele outros imperativos como liberdade, espontaneidade, criatividade, autonomia e todos os demais devem subordinar-se ao dever para com o Estado Nacional. No Brasil, esse pedagogo alemão merece ser mais estudado e apropriado na prática pedagógica.