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Jornal da Educação

Histórias da Educação (Edição Abril à Junho/2015)

Escrito por Geane Kantovitz* e Clarícia Otto**

      No número 285 deste jornal, Norberto Dallabrida tratou acerca das disputas que levaram à criação da Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas, que celebrou cem anos de fundação em 14 de janeiro deste ano.  Neste número, tomamos como foco o processo de transição dessas religiosas, do seu primeiro espaço de atuação, das escolas paroquiais, para as escolas públicas. Nos primeiros tempos de sua existência, as Irmãs Catequistas contribuíram, temporariamente, na resolução da crise das escolas paroquiais. Inclusive, na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o governo brasileiro fecha as escolas nas quais as aulas eram ministradas em línguas estrangeiras. Entretanto, parcela das escolas paroquiais foram mantidas pelo fato de elas contarem com as professoras catequistas, pois as Catequistas eram brasileiras e ensinavam em português. 

 

     No processo de nacionalização do ensino, imposto pelo governo de Getúlio Vargas (1937-1945), tanto as escolas paroquiais quanto as escolas étnicas foram suprimidas de forma definitiva. Nesse processo, nas escolas paroquiais que contavam com Irmãs Catequistas, fez-se a negociação para a sua permanência nas escolas então transformadas em públicas. Tais escolas foram obrigadas a se adaptar às exigências estatais, todavia, as Irmãs Catequistas continuaram ministrando a doutrina católica. Desse modo, o etos pedagógico no campo religioso desliza para o laico, para as escolas da rede pública. Assim, essas professoras não somente contribuíram para a manutenção e formação de bons católicos, como também de bons patriotas, interesse da elite do Brasil republicano. A concepção de moral católica veio somar para a difusão dos bens culturais e dos padrões morais indispensáveis ao fortalecimento da nacionalização. 

 

      O bispo Joaquim Domingues de Oliveira, paulatinamente, foi doando o espaço físico das escolas paroquiais ao Estado e, como contrapartida, o governo catarinense passou a permitir o ensino religioso nas escolas da rede pública. Nessa época, havia 110 Irmãs Catequistas distribuídas em 45 escolas isoladas e reunidas.

 

      A Congregação realizou o serviço específico e prioritário da educação em escolas públicas até o final dos anos de 1960. As professoras catequistas, filhas de cada tempo histórico, foram percebendo a necessária mudança. Ampliaram seus espaços de atuação para além da educação dos filhos dos colonos de Santa Catarina e seus objetivos educacionais foram entendidos de forma mais abrangente, como educação para a cidadania. Dessa forma, passaram a atuar em comunidades eclesiais de base; em projetos em prol da vida, da justiça, da paz; em movimentos e grupos de mulheres, de jovens e de terceira idade; na educação de jovens e adultos; na organização de agricultores, de povos indígenas e de afrodescendentes.

 

     Ao longo de sua trajetória, as Irmãs Catequistas contaram com o auxílio de várias pessoas que contribuíram para a fidelidade a um modo próprio de ser professora, para o seu crescimento e também para sua institucionalização. Dentre elas, o povo de cada época foi figura histórica singular. “Sejam irmãs do povo” foi a recomendação de um dos fundadores, frei Polycarpo Schuhen. Viver duas a duas no meio do povo, nas escolas isoladas e/ou reunidas distantes da pequena cidade e/ou município foi o que passou a distinguir as irmãs catequistas de outras religiosas da época, as quais eram professoras em seus próprios colégios.

 

     Por fim, podemos acenar que as Irmãs Catequistas também somaram no processo de feminização do magistério, isto é, na inserção da mulher como professora no ensino primário.

 

*Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSC.Bolsista FAPESC/CAPES. E-mail: Ver email

** Professora da UFSC. E-mail: Ver email

 
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