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Jornal da Educação

Histórias da Educação (Edição Setembro/2014)

A primeira Guerra e nacionalização do ensino

Escrito por Norberto Dallabrida e Gladys Mary Ghizoni Teive

    Neste mês de agosto rememora-se o centenário do início da Primeira Guerra Mundial, fato que plasmou o século XX porque sinalizou o fim do domínio europeu sobre o mundo e fez emergir dois novos polos geopolíticos, quais sejam: o capitalismo moderno norte-americano e o “socialismo real” na URSS. As trincheiras da Primeira Guerra pariram o curto e histórico século XX, que, de acordo com Eric Hobsbawn, tem como balizas históricas a Revolução Bolchevique e o fim da URSS.

 

    Constatamos que a Primeira Guerra Mundial impactou o Brasil e Santa Catarina em diferentes dimensões. No campo político, desencadeou uma onda cívico-nacionalista desconhecida até meados da década de 1910, que se desdobrou e se exacerbou ao longo da primeira metade do século 20 – particularmente durante o Estado Novo. A ponta do iceberg do surgimento desse processo foi a fundação, em 7 de setembro de 1916, no Rio de Janeiro, da Liga de Defesa Nacional, liderada pelo poeta Olavo Bilac, que percorreu boa parte do território nacional estimulando a criação de associações nacionalistas e defendendo o serviço militar obrigatório.

 

     No final de 1917 – ano crítico da Primeira Guerra Mundial – ocorreu uma peremptória intervenção federal nas escolas étnicas da região Sul do país. A União determinou o fechamento das escolas onde não era ensinada “eficientemente” a língua vernácula. Em Santa Catarina esta medida foi concretizada pelo Inspetor Geral do Ensino, professor Orestes Guimarães, mediante o fechamento de centenas de escolas étnicas. Em 1918, contudo, o  Decreto n. 13.014,  habilitava a União a subvencioná-las, mediante a sua adaptação aos princípios da educação nacional e, para fiscalizar  esse trabalho de nacionalização dos filhos de imigrantes através da escola, foi criado o cargo de Inspetor Federal das Escolas Subvencionadas pela União, o qual foi confiado pelo presidente da República Wenceslau Braz ao professor Orestes Guimarães.

 

     Em 1921, designado como representante da União para fazer parte da comissão preparatória da Conferência Interestadual de Ensino Primário, especialmente convocada pelo Ministério da Justiça e Negócios Interiores com o intuito de buscar soluções para a difusão e nacionalização do ensino primário no Brasil, Orestes Guimarães apresentou suas ideias sobre a nacionalização do ensino primário, consubstanciadas nas teses “A Nacionalização do Ensino Primário”, “Escolas Primárias nos municípios de origem estrangeira” e “Escolas Estrangeiras e sua fiscalização”, as quais foram aprovadas por unanimidade.

 

    Suas concepções, consideradas liberais, influenciaram as diretrizes da política nacionalizadora do ensino catarinense até o advento do Estado Novo - ditadura chefiada por Getúlio Vargas entre 1937 e 1945 –, que perseguiu e prendeu indiscriminadamente descendentes de alemães, italianos e japoneses e instaurou uma política autoritária de nacionalização do ensino, colocando fim a era das escolas étnicas no Brasil.

 

 

  Professores da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e autores de “A Escola da República” (Editora Mercado de Letras, 2011). 

 
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