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Centro de Educação a Distância

Jornal da Educação

Histórias da Educação (Edição Jan a Abril/2013)

Livros escolares, como investigá-los?: a experiencia do Manes

Escrito por Gladys Mary Ghizoni Teive

   Livro e escola.  Esta  talvez seja  uma das associações mais frequentemente feitas pelas pessoas, mesmo por aquelas que jamais estiveram em uma escola. O livro constitui-se, certamente, em uma das principais  “senhas de identidade” da escola, posto que diz  sempre algo sobre o que foi ensinado  ou  o que pretendeu-se ensinar, em diferentes épocas. Nele estão registrados os conhecimentos, crenças e valores considerados mais válidos, haja vista a sua função de  participar do processo de socialização das jovens gerações.

 

   Mesmo nos momentos em que a escola foi fortemente criticada pela  sua feição livresca e o livro teve o seu lugar relegado a coadjuvante no proceso de ensino-aprendizagem, ainda assim ele não deixou de estar presente no cotidiano das salas de aula. Não sem razão, nas antigas  fotografías escolares, feitas para a recordação dos alunos,  regra geral, vemos uma criança de uniforme, tendo à sua frente uma mesa ou carteira escolar e sobre ela uma pilha de livros ou um livro aberto.

 

   O livro escolar é, sem dúvida,  uma expressão  operativa do currículo prescrito  e, dado o seu peso no proceso de produção de subjetividades e identificações, em muito países,  ao invés do currículo nacional, há o livro nacional, suporte das verdades que a sociedade acredita ser necessário transmitir às crianças e aos  jovens.  Analisá-lo consiste, pois, em uma tarefa imprescindível para os interessados na história do currículo e da cultura escolar. Esta não é, todavía, uma tarefa simples.

 

   Há poucos centros de pesquisa dedicados à sua  análise, com destaque para o projeto Emmanuelle, desenvolvido pelo Institut National de Recherche Pédagogique, em Paris, o Instituto Georg Ecker, na Alemanha, e o Centro de Investigación en Manuales Escolares –MANES, em Madri, na Espanha – no qual  realizo estágio pós-doutoral. Idealizado em  1992 pelo  profesor doutor Federico Gómez Rodríguez de Castro, da Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED), o MANES possui duas  vertentes: uma de carácter instrumental (histórico-documental) e outra de cunho investigativo. A primeira consiste no levantamento dos manuais escolares publicados  na Espanha, bem como das disposições  legais, programas de ensino, etc. A segunda consiste na realização de um conjunto de investigações e de análises  historiográficas em torno das características bibliométricas, editoriais, político-pedagógicas e curriculares dos livros escolares, seguindo várias linhas de investigação  ligadas à  história da educação,  história cultural e a  história do currículo e da cultura escolar.

 

   Ao longo de seus vinte anos de existência, ao MANES somaram-se investigadores de outras universidades espanholas, europeias e latino-americanas,  o que lhe conferiu um caráter interuniversitário e internacional e tem contribuído para o fortalecimento do campo da chamada “manualística” e da  investigação histórico comparada em educação escolar,  a partir do estudo dos livros e manuais escolares.

 

 

 

*Gladys Mary Ghizoni Teive - Professora da  UDESC. Autora de “Política de modernização econômica  e formação de professores em Santa Catarina”; “Uma vez normalista, sempre normalista” e “A Escola da República – os grupos escolares e a modernização do ensino primário em Santa Catarina (1911-1918)”, em parceira com Norberto Dallabrida.

 
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