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Jornal da Educação

Histórias da Educação (Edição Dezembro/2012)

Tricentenário de Rousseau: a educação comemora?

Escrito por Norberto Dallabrida

    Em 28 de junho de 2012, comemorou-se o trigésimo centenário de nascimento de Jean-Jacques Rousseau, nascido em Genebra e considerado um dos mais polêmicos filósofos do século das luzes. Este canto do jornal dedicado à educação em perspectiva histórica, neste ano festivo, não poderia deixar de oferecer algumas reflexões sobre o pai da democracia moderna e o padrinho do movimento escolanovista.

 

    No campo da educacional, um dos livros mais discutidos de Rousseau certamente é o "Emílio, ou da Educação", publicado no Brasil pela Editora Martins Fontes. Com esta obra, Rousseau inaugura um gênero textual conhecido como Bildungsroman, que é um termo alemão para designar um tipo de romance – de aprendizagem ou formação – em que é exposto de forma pormenorizada o processo de desenvolvimento físico, moral, psicológico, estético, social e político de uma personagem, geralmente desde a sua infância ou adolescência até um estado de maior maturidade.

 

    "Emílio" é composto de cinco capítulos, incluindo prefácio, introdução e breve cronologia sobre Rousseau. Em linhas gerais, há uma densa discussão sobre a lei da necessidade e da utilidade e sobre o que é apropriado e bom para a formação humana. Ele apresenta dois estágios do desenvolvimento humano. O primeiro diz respeito ao aprendizado da dor. É o estado da idade da natureza – razão sensitiva –, e da idade da inteligência – razão intelectual. O segundo se refere à saída do indivíduo da infância, que seria a idade da energia, da força vital, sendo que, a partir dos vinte anos, as pessoas viveriam a idade da sabedoria, marcada essencialmente pela problematização, do pensar mais radical, sobretudo, pela capacidade de estar apaixonado e se apaixonar.

 

    No mundo contemporâneo, o movimento escolanovista, que emergiu entre o final do oitocentos e o início do século XX, adotou Rousseau como a principal referência. Pensadores da Educação como Édouard Claparède, Adolphe Ferrière e Roger Cousinet conferem ao filósofo genebrino o prestígio de "precursor da Escola Nova". Nesta direção, Rui Trindade conclui: "Haja, ou não, uma leitura imediatista de Rousseau, por parte de alguns pedagogos, o certo é que a afirmação da infância como um período específico da vida dos seres humanos e a afirmação da existência de uma ordem natural que importa respeitar ou reconhecer em cada criança se converteram, ambas, em afirmações nucleares do ‘movimento da Escola Nova’ [...]".

 

    A partir da década de 1960, quando as escolas alternativas se pautam na Summerhill, Rousseau novamente é revisitado para arejar a democracia na escola. Como nas tradições mais radicais do movimento escolanovista, o conceito rousseauniano de "educação negativa" é apropriado para construir experiências escolares participantes e democráticas.

 

   Se a educação comemora? Deveria, pelos menos. Carregamos conosco ainda o sentimento de rebeldia, de dúvida e, tal qual o filosófico, de um pensar vigoroso capaz de revolucionar a vida das pessoas com o trabalho cotidiano em sala de aula. Sim, a educação comemora!

 
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