Escrito por Jornal da Educação
Neste início de ano letivo, a novidade ficou por conta da implantação do ensino médio integral na rede estadual de ensino. Trata-se de um fato relevante porque o ensino médio é o elo frágil do sistema escolar brasileiro.
Enquanto o ensino fundamental está praticamente universalizado, o ensino médio ainda não integra ou exclui em torno de 40% dos adolescentes entre 15 e 17 anos.
De outra parte, os colégios públicos de ensino médio têm sido classificados de modo insatisfatório nas avaliações nacionais, com exceção dos colégios de aplicação, dos educandários militares e das escolas técnicas.
Diante dessa dura realidade, urge reagir porque o ensino médio é estratégico para a democratização qualitativa da educação brasileira.
No entanto, é preciso refletir sobre o ensino médio em tempo integral na atualidade, marcada pelo avanço significativo das tecnologias digitais. Se o ensino a distância se dissemina e se impõe, é eficaz “seqüestrar” ainda mais os alunos nas escolas?
O educador António Nóvoa sugere que, na contemporaneidade, deve-se reduzir horas de ensino e potencializar a aprendizagem de forma consistente e criativa.
Ademais, o Estado de Santa Catarina remunera de modo insuficiente os professores. A implantação do ensino médio tempo integral demanda a contratação de mais docentes e instalação de nova infra-estrutura, comprometendo o orçamento da área educacional.
Não seria mais oportuno remunerar melhor e qualificar em nível de pós-graduação o atual corpo docente do ensino médio público?
O ensino médio na rede pública estadual precisa ir para o centro da pauta educacional de Santa Catarina, pois ele precisa, efetivamente, de um choque de qualidade.