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Jornal da Educação

Histórias da Educação (Edição Dezembro/2011)

Caminhos cruzados: Desigualdades e relações de gênero no Dias Velho

Escrito por Dayane Mezuram Trevizoli e Letícia Vieira

    O Colégio Estadual Dias Velho diferenciava-se das instituições que ofereciam o Ensino Secundário na capital catarinense principalmente por suas características inovadoras: oferecia os dois ciclos previstos pela Reforma Capanema de 1942 para o Curso Colegial, era gratuito, ministrava aulas no período noturno – o que permitia aos alunos flexibilidade para trabalhar e estudar no contra turno – oferecia um ensino secundário misto e de caráter laico e mantinha um corpo docente composto por profissionais heterogêneos, que compartilhavam de diferentes ideologias e aspirações religiosas. Tudo isso, influenciava diretamente seus fazeres pedagógicos e deixava marcas na cultura escolar da instituição.

 

     É oportuno, neste sentido, analisar as trajetórias traçadas pelos ex-alunos e ex-alunas do Colégio Estadual Dias Velho com vistas a compreender os reflexos da passagem, por este Colégio, nas trajetórias sociais destes sujeitos e na construção dos papéis sociais e de gênero na sociedade florianopolitana e catarinense. Vale ressaltar que era evidente no contexto da capital, ainda nesta época, a restrita presença feminina no ensino secundário e nas universidades.

 

     Grande parte das ex-alunas que ingressaram no ensino superior após a conclusão do ensino secundário no CEDV, não contou com a possibilidade de deslocar-se para outros centros em busca de cursos que não eram oferecidos na capital. A qual dispunha até então de um pequeno leque de possibilidades para graduação, muitas de cunho privado.

 

     Esta limitação não se fez presente, contudo, no caso dos homens, uma vez que grande número de jovens egressos deslocou-se a outros Estados para ingresso nos cursos de Engenharia e Medicina – que proporcionavam grande prestígio social e simbólico. É interessante destacar que não houve ex-alunas que ingressaram em cursos de engenharia, uma das áreas mais escolhidas pelos egressos do sexo masculino. O que explicita a demarcação de certas profissões, na época, por um forte viés masculino.

 

     A análise destas trajetórias evidenciou também algumas confluências entre os gêneros, como, por exemplo, a forte tendência de homens e mulheres a ingressar no funcionalismo público, mesmo aqueles ou aquelas que contavam apenas com o certificado de conclusão do Curso Colegial para sua inserção no mercado de trabalho.

 

      Outro ponto interessante, observado também em ambos os gêneros, foi o seguimento da carreira de docência, sobretudo a nível superior – que, no caso dos homens, normalmente era conciliada com a carreira de profissional liberal e ou de funcionário público.

 

     O Colégio Estadual Dias Velho auxiliou na definição de novas configurações do ensino superior da capital catarinense, possibilitando a jovens oriundos de meios sociais menos favorecidos, o ingresso a cursos universitários de qualidade e atuando especialmente no auxílio às mulheres para ingresso a níveis de ensino antes ocupados, sobretudo, pelos homens.

 

*Alunas do Curso de Pedagogia da UDESC e bolsistas de Iniciação Científica do CNPq.

 
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