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Jornal da Educação

Histórias da Educação (Edição Novembro/2011)

A reforma Orestes Guimarães - Final

Escrito por Gladys Mary Ghizoni Teive

    Em 15 de novembro – dia da proclamação da República – comemora-se o centenário da inauguração do Grupo Escolar Conselheiro Mafra, de Joinville. A data não poderia ser mais emblemática: os grupos escolares foram criados no Brasil no início do período republicano para serem os pilares da República, a instituição que segundo o imaginário republicano, deveria civilizar através da alfabetização, da educação moral e cívica e do acesso a conhecimentos científicos e patrióticos básicos, assim como integrar o imigrante estrangeiro a nação.

 

    O nome escolhido para o primeiro grupo escolar implantado no Estado de Santa Catarina constituiu-se em uma homenagem a Manuel da Silva Mafra, que havia sido deputado e ministro da justiça no período imperial e, como jurista, no início do século XX, defendeu o Estado de Santa Catarina nas disputas territoriais com o Estado do Paraná na chamada “Questão do Contestado”. Pela defesa do território catarinense, Conselheiro Mafra tornou-se uma autoridade distinta na Primeira República.

 

    O pioneirismo de Joinville deveu-se, em boa medida, ao fato de o professor Orestes Guimarães ter atuado, entre 1907 e 1909, como reformador do Colégio Municipal de Joinville. A reforma representou uma transformação significativa do ensino primário, pois suprimiu a divisão escolar entre alemães e “brasileiros”, que tinham cursos diferentes, e as classes mistas.

 

    Por outro lado, estabeleceu quatro classes de ensino primário para cada gênero e introduziu a uniformização do programa, procurando garantir saberes de cunho patriótico, como Língua Portuguesa, História e Geografia do Brasil, e científico.

 

    As mudanças introduzidas no Colégio Municipal de Joinville por Orestes Guimarães, auxiliado pela professora Cacilda Guimarães – sua esposa –, foram um ensaio da reforma liderada em nível estadual por esse professor, a partir de 1911, no Governo Vidal Ramos.

 

     O prédio do Grupo Escolar Conselheiro Mafra não era novo, mas uma adaptação do antigo Colégio Municipal de Joinville. Tratava-se de um prédio híbrido, que conservava  arquitetura de corte germânico, mas inscreveu o nome do grupo escolar no centro da fachada e dividia claramente as seções em masculina e feminina.

 

     O Grupo Escolar Conselheiro Mafra, portanto, sinalizou uma nova era no ensino primário catarinense, marcada pela escolarização graduada materializada em prédios grandes e modernos. 

 

     A inauguração do Grupo Escolar Conselheiro Mafra, distinguido com a presença do Governador Vidal Ramos, do professor Orestes Guimarães e de autoridades estaduais e locais, indicava que a modernização do ensino primário em Santa Catarina se concretizava em Joinville e criava expectativas em outras cidades catarinenses.

 

*Professora da UDESC e autora dos livros “Modernização econômica e formação de professores em Santa Catarina (Editora da UFSC) e “Uma vez normalista, sempre normalista”: cultura escolar e produção de um habitus pedagógico (Escola Normal Catarinense – 1911-1935) (Editora Insular). E-mail: Ver email

 
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