Com a implantação dos primeiros grupos escolares, a Reforma Orestes Guimarães (1911-1918) colocou em marcha a modernização do ensino primário em Santa Catarina.
Como escola graduada, o grupo escolar tinha um formato diferente de outros modos de escolarização primária, como o ensino individual e a escola isolada.
Para desnaturalizar o ensino primário, é instigante contrastar o grupo escolar especialmente das escolas isoladas, que predominavam no território catarinense até o início da década de 1910.
Em Santa Catarina, a rede pública de ensino começou a ser tecida a partir do Ato Adicional de 1834, que determinou às províncias brasileiras o poder de gerir o ensino primário.
No período imperial, foram criadas algumas escolas isoladas unidocentes, regidas por mestres-escola. Os imigrantes europeus que colonizaram o território catarinense criaram escolas primárias, que ministravam o ensino em língua estrangeira e geralmente eram vinculadas a igrejas.
As redes de escolas étnicas mais expressivas foram as teuto-brasileiras e ítalo-brasileiras, que recebiam material escolar e subsídios financeiros, respectivamente da Alemanha e da Itália. Em geral, as escolas isoladas funcionavam em prédios alugados ou na casa do professor, eram regidas por homens e tinham grande diversidade pedagógica.
De forma contratante, os grupos escolares tinham prédios próprios e imponentes, com predomínio de traços neoclássicos, sendo divididos em duas alas – feminina e masculina. Eram constituídos por um corpo administrativo e pedagógico que incluía um diretor – quase sempre do sexo masculino – oito docentes – geralmente professoras – e funcionários.
A sua cultura escolar era homogeneizada, pois os saberes do curso preliminar eram rigidamente definidos por série, os dispositivos de controle discente eram padronizados e detalhados por meio do “regimento interno dos grupos escolares” e o método intuitivo, que se opunha à memorização mecânica e ao ensino livresco, era compulsório.
Como em São Paulo e em outros estados, os primeiros grupos escolares de Santa Catarina eram “típicas escolas urbanas”, sendo implantados nas suas principais cidades.
Assim, entre 15 de novembro de 1911 e 31 de dezembro de 1913, foram inaugurados os seguintes grupos escolares: Conselheiro Mafra (Joinville), Lauro Müller (Florianópolis), Vidal Ramos (Lages), Silveira de Souza (Florianópolis), Victor Meirelles (Itajaí) e Luiz Delfino (Blumenau). Essas foram as escolas da república por excelência que tiveram o intuito de modernizar e nacionalizar o ensino primário catarinense.
Com algumas mudanças pontuais, o modelo do grupo escolar teve vida longa, pois, no Brasil, foram suprimidos somente pela reforma escolar do regime militar (Lei 5.692/71).
Contudo, traços da sua cultura escolar como o ensino graduado e simultâneo, os horários pré-determinados e a racionalização do trabalho escolar ainda podem ser percebidos nas escolas atuais.