Escrito por Maristela da Rosa e Thiago Perez
Não seria novidade entender a escola como uma importante instância de socialização e tampouco como espaço que deveria ser de democratização. O que ainda se faz caro na atualidade são justamente os avanços e limites dos processos sociais sobre democratização do lócus escolar em torno da igualdade social.
Então se a escola democrática é devir pode-se entender a significância em recuperar a experiência e discursos dos atores envolvidos na educação escolar para compreender o atual estado das coisas neste cenário.
O livro organizado pelas professoras Ione Ribeiro Valle, Vera Lucia Gaspar da Silva e Maria das Dores Daros, “Educação Escolar e Justiça Social”, é democrático e qualifica o tema ao tornar acessível a relação entre educação escolar e justiça social a partir dos estudos das políticas educacionais no estado de Santa Catarina em diferentes momentos.
A obra publicada em 2010 pelo Centro de Ciências da Educação da UFSC, em seu Núcleo de Publicações (NUP), desenvolve-se em 10 textos de pesquisadores e se organiza em 3 capítulos.
Já se revelou a escola “justa” no centro de uma sociedade “injusta”. Não basta ampliar o acesso à escola, se faz necessário compreender as concepções por trás da igualdade de oportunidades, principalmente para fazer saber daqueles “excluídos do interior”, isto é, os oriundos das classes menos favorecidas.
Nesse sentido, o primeiro artigo, de Ione Ribeiro Valle, dá o tom e a voz do livro ao articular conceitos diferentes de justiça à luz de uma relação entre “desigualdades justas e igualdade”.
Não adianta descrever as desigualdades em seus números, níveis e registros, para ser preciso sem apresentar saídas, ou mesmo entender as desigualdades como conjunto de processos sociais correndo-se o risco de ser vago e impreciso.
O texto de Ione Ribeiro Valle avança ao refletir sobre os conceitos de “justiça” e “justiça escolar” a partir da idéia que estes mesmos não dão conta da complexidade que envolve a escolarização da educação infantil ao ensino superior. Ione apresenta, portanto, condições para a compreensão dos fenômenos educacionais que favorecem o fracasso de alguns e o êxito de outros, ou seja, revela a relação estabelecida entre mérito e igualdade.
A implantação de políticas para a educação escolar no estado de Santa Catarina, em seus processos efetivados de escolarização com vistas à melhoria da qualidade do ensino e também das distintas formas de enfrentar o fracasso escolar, como os cursos de formação de professores é tratada no decorrer da presente obra.
Assim as narrativas do livro se desdobram sobre as lógicas que fundamentam as políticas educacionais, expressas em discursos que condicionam atitudes, comportamentos e práticas no ambiente escolar.
Enfim, o livro “Educação Escolar e Justiça Social” avança no debate da escola e seu papel protagonista como formadora cidadã ao revelar partes da história catarinense dos processos da constituição escolar em torno do fracasso e êxito escolares.
A nós leitores, resta aceitar o convite e entrar numa obra que permite ampliar nossos entendimentos e discussões sobre a escola e sociedade, ainda tão caras em nossos dias presentes, mas que ao visitar questões do passado nos permita continuar alimentando o sonho da escola justa.
Sobre os autores
Maristela da Rosa é licenciada em Ciências Sociais (UFSC/2002). Aluna Regular do Programa de Pós-Graduação/Mestrado em Educação PPGE-UDESC/2011. Integrante do Grupo de Estudos/Pesquisa “Ensino Médio em Santa Catarina: perspectivas sócio-históricas”. Contato: Ver email
Thiago Perez Jorge é bacharel em Nutrição (UFSC/2010). Aluno Regular do Programa de Pós-Graduação/Mestrado em Educação PPGE-UDESC/2011. Integrante do Grupo de Estudos/Pesquisa “Ensino Médio em Santa Catarina: perspectivas sócio-históricas”. Contato: Ver email