Por Camila Porto Fasolo*
Em meados da década de 1860, chegavam à região do Vale do Rio Itajaí, hoje cidade de Brusque, imigrantes do Grão Ducado de Baden, sul da Alemanha.
Desde os primórdios da colonização, a preocupação com a alfabetização das crianças era muito forte, principalmente por parte dos luteranos, pela importância dada à leitura para a compreensão da Bíblia e dos cânticos religiosos.
Em 1872, a Deutsche Evangelische Schule (Escola Evangélica Alemã) iniciou suas atividades com aulas ministradas na casa do Pastor Henrique Sandreczki, sendo a primeira escola confessional alemã da cidade.
Sempre mantida pela Fundação Educacional da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, em 1938 teve a direção assumida pelo Prof. Dr. Arno Ristow, com o objetivo de enquadrar o educandário na lei de Nacionalização do Ensino colocada em marcha pelo governo Vargas.
Foi um período marcado por relatórios minuciosos, visitas constantes de Inspetores de Ensino, desfiles exaltando o amor à Pátria e o fim de costumes germânicos.
Com o novo nome de Escola Evangélica Alberto Torres, uma das maiores exigências era o ensino estritamente em português. Alunos e professores ainda lembram que os Inspetores ficavam ao redor das crianças no pátio, prestando atenção se elas falavam alemão.
Diferente da maioria das escolas estrangeiras, Ristow conseguiu adequar-se ao temido Decreto-Lei 88.
Em meados de 1946, a Secretaria de Educação do Estado de Santa Catarina determinou o fim dos Cursos Complementares em todo o Estado, o que faria com que Brusque ficasse somente com o ensino primário. Dr. Arno Ristow, com o apoio do industrial Otto Renaux e do Inspetor Federal do Ensino, Dr. Rafael G. Cruz Lima, deu início a documentação necessária para a regulamentação do ginásio anexo ao Grupo Escolar Alberto Torres, através de relatórios que detalhavam as instalações, o regimento interno, os professores e demais aspectos do futuro ginásio.
O reconhecimento foi concedido em fevereiro de 1947, fazendo deste o primeiro ginásio de Brusque.
Inaugurado em 11 de março do mesmo ano, teve sua primeira turma de formandos em 1950. Durante quase dez anos o Ginásio Cônsul Carlos Renaux, como foi chamado em homenagem ao benfeitor que fez tantas doações ao Grupo Escolar, foi o único da cidade.
A partir dele, foram abertos o Curso Normal, Curso Científico e o Curso Técnico de Contabilidade, todos congregados sob o nome de Colégio Cônsul Carlos Renaux.
Nesse mês de abril, o Colégio Cônsul completou 135 anos de sua fundação. As solenidades de comemoração incluíram reencontro dos alunos das primeiras turmas de Ginásio e Curso Normal, bem como exposição de fotos contando um pouco da história do colégio.
O prédio atual que ainda conserva as características iniciais e a preservação do acervo documental e iconográfico da escolas, são prova de que a preocupação com a história da instituição está muito presente, valorizando as pesquisas que vem sendo desenvolvidas na área da história da educação, e mais: “reacendendo” as memórias daqueles que ajudaram a escrever as páginas da história do colégio.
*Acadêmica da 5ª fase do Curso de Pedagogia da FAED/UDESC. Bolsista de Iniciação Científica da pesquisa “Ensino Secundário em Santa Catarina: redes e culturas escolares (1945-1961)”, orientada pelo prof. Dr. Norberto Dallabrida e financiada pelo CNPQ, FAPESC e UDESC.