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Jornal da Educação

Histórias da Educação (Edição Abril/2007)

O Colégio Pedro II e a crise da escola pública

Por Norberto Dallabrida


   No início do presente ano letivo, jornais catarinenses publicaram a crise enfrentada pelo Colégio Pedro II de Blumenau. É um sintoma do mal estar da escola pública de massa, que emergiu desde a década de 1960, desafiando governos e os educadores das diferentes cores políticas.

 

 

     Por outro lado, nestes últimos meses a história do Colégio Pedro II de Blumenau foi relida em duas dissertações de mestrado. No final do ano passado, Jader Cipriani defendeu a dissertação de mestrado, no, intitulada “Escola Normal Pedro II (1940-1950): um estudo sobre a formação de sujeitos”, no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Regional de Blumenau (FURB). No mês passado, Degelane Córdova Duarte concluiu a dissertação de mestrado “O Ginásio Estadual Pedro II e o ensino secundário para as classes médias (1946-1956), sendo aprovada no Curso de Mestrado em Educação e Cultura da UDESC. Os dois trabalhos refletem sobre a “era de ouro” de escola pública, nas décadas de 1940 e 1950, quando os professores eram melhor remunerados e as condições do trabalho docente também eram propícias.

 

 

     A Escola Normal Pedro II de Blumenau, juntamente com o Instituto Dias Velho de Florianópolis e o Instituto Estadual de Educação de Lages, foram as primeiras escolas públicas catarinenses que ofereceram, a partir de 1947, ensino secundário público, gratuito e misto no século XX. Ou seja, essas três escolas normais, criaram os seus  cursos   ginasiais – primeiro ciclo do então ensino secundário – e, posteriormente, os cursos colegiais – segundo ciclo do mesmo nível de ensino. Esses colégios públicos escolarizavam sobremaneira as classes médias e, talvez, alguns alunos das classes populares. Tratava-se de ilhas de ensino secundário público e gratuito, que tinha um forte caráter seletivo, atendendo parte minúscula dos cidadãos.

 

 

     Ao se massificar, a escola pública perdeu qualidade, em boa medida devido à desvalorização dos professores no mercado de trabalho. As experiências pretéritas de excelência, devem ser luzes sobre a crise da escola pública contemporânea. Não se trata de resgatar a escola pública da “era de ouro”, mas reinventá-la para responder aos desafios da sociedade da informação, em que as instituições escolares dividem com outras instituições sociais o poder de transmitir e produzir informação e conhecimento – especialmente a internet. E dar prioridade à atualização dos professores das escolas públicas por meio de formação continuada.

 

 

     Essa reinvenção da escola pública deve responder sobremaneira aos anseios da radicalização da democracia. A escola pública de qualidade deveria ser a ação afirmativa número um dos governos em todos os níveis, ou seja, uma estratégia para diminuir, efetivamente, as desigualdade sociais produzidas pelo sistema escolar e pelo sistema capitalista brasileiro – marcado pela assimetria na distribuição de bens econômicos e culturais.

 

     O ensino público brasileiro e catarinense precisa, portanto, de uma “revolução copernicana” – e não de reformas tímidas.

 

 · Natural de Rio dos Cedros, professor na UDESC e autor de “A fabricação escolar das elites” (Editora Cidade Futura). E-mail: Ver email

 
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