Escrito por Norberto Dallabrida
A edição do Jornal da Educação do mês de outubro de cada ano é dedicada ao dia do/a professor/a. Apesar das críticas, o dia do/a professor/a fincou raízes nas escolas e tem se convertido, não poucas vezes, num momento de reflexão profissional, que envolve discussões sobre a identidade docente, as condições de trabalho e a questão salarial.
Eu penso sempre em ocupar esse canto do jornal, na edição de outubro, com reflexões históricas sobre professores/as. Neste ano, pensei em falar de Anísio Teixeira, o professor-pesquisador que se tornou o grande pensador e formulador da educação brasileira; de Paulo Freire, que sempre merece ser lembrado ou de Carmem Kal, a minha doce professora no ensino primário.
Recordei-me de alguns mestres no Curso de História da UFSC, como Américo da Costa Souto, professor que nos ensinou a pensar a multiplicidade temporal à luz da obra de Fernand Braudel; Alexis Acauan Borloz, professor que ministrou a disciplina Pré-História de modo materialista e antropológico; Valmir Martins, historiador marxista e um generoso incentivador da pesquisa científica; Valter Manoel Gomes, professor de Teoria da História, católico convicto e provocador.
No entanto, quem acabou ganhando o espaço nesta coluna é Franklin Cascaes, que neste mês de outubro comemoraria cem anos de nascimento.
Cascaes foi um estudioso atento da cultura popular de raiz açoriana na Ilha de Santa Catarina, com destaque para o imaginário bruxólico que resistiu até meados do século XX.
O bruxo do bairro Itaguaçu registrou traços da cultura popular ilhoa por meio de desenhos, esculturas e textos. Boa parte desses artefatos culturais foram reproduzidos no livro “O fantástico na Ilha de Santa Catarina” (Editoria da UFSC), organizado, entre outros, por Gelcy José Coelho – o Peninha.
O trabalho de Cascaes sobre a cultura popular é analisado por Evandro André de Souza na obra “Franklin Cascaes: uma cultura em transe” (Editora Insular), que merece leitura atenta, especialmente neste ano “cascaesiano”.
Além de ter sido estudioso da cultura popular, Franklin Joaquim Cascaes foi professor de ensino industrial básico na Escola Industrial de Florianópolis – hoje Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina (CEFET/SC).
Devido ao foco dado no Cascaes artista, que deu nome à Fundação Cultural de Florianópolis, a sua faceta docente ainda é pouco conhecida.
No entanto, Denise Araújo Meira, aluna do Curso de Mestrado em Educação da UDESC, está investigando o Cascaes professor na Escola Industrial de Florianópolis, entre as décadas de 1940 e 1970.
A orientadora dessa dissertação de mestrado é Maria Teresa Santos Cunha, minha professora de estágio supervisionado na UFSC, que é sempre lembrada pela sua seriedade profissional e criatividade.
No meio dessas digressões professorais, fica o registro da rememoração de Franklin Cascaes – mestre da cultura popular ilhoa e professor da Escola Industrial de Florianópolis.