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Centro de Educação a Distância

Jornal da Educação

Histórias da Educação (Edição Jan e Fev/2008)

SOCIOLOGIA DA INFÂNCIA

Escrito por Norberto Dallabrida

   O último número da Perspectiva, revista editada pelo Centro de Ciências da Educação da UFSC, publica o dossiê "Infância, educação e escola", que reúne oito artigos de autores brasileiros e estrangeiros. Ele foi organizado por Diana Carvalho de Carvalho, Jucirema Quinteiro e Maria Isabel Serrão, pesquisadoras integrantes do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Infância, Educação e Escola (GEPIEE), e chama a atenção para a importância da educação infantil.

 

     Nesse dossiê, o artigo "A indeterminação das fronteiras da infância", de Régine Sirota, indica um pouco a tendência dos estudos atuais sobre a infância. A trajetória acadêmica dessa pesquisadora revela a mudança de foco das análises sociológicas realizadas na França acerca do mundo infantil. Em meados da década de 1980, ela defendeu a sua tese de doutorado, transformada em livro, que foi traduzido no Brasil sob o título "A escola primária no cotidiano" (Artes Médicas, 1994). Nessa obra, inspirada em Pierre Bourdieu, ela faz uma análise micro-sociológica da "caixa-preta" da sala de aula, procurando compreender como os alunos de diferentes grupos sociais interagem com a cultura escolar.

 

     A partir dessa experiência, Sirota confessa que passou a se interessar pelos alunos, constatando que as pesquisas educacionais focalizam essencialmente os professores. Ou seja, ela acredita que para compreender o desempenho dos alunos nas instituições escolares é indispensável conhecer os diversificados mecanismos de socialização das crianças e adolescentes. Essa necessidade de entender a educação no seu conjunto e não simplesmente no sistema escolar, fez Sirota sair da escola e investigar as "práticas culturais infantis". Desta forma, o foco passou a ser a criança, alvo de múltiplas intervenções educativas, engendrando o nascimento do campo da Sociologia da Infância.

 

     Nos seus estudos sobre o mundo infantil, Sirota elegeu como objeto de pesquisa as festas de aniversário como um "ritual de socialização", que envolve a família, a escola e, especialmente, os amigos. Nesta direção, ela produziu vários artigos, alguns dos quais publicados no Brasil, como "Primeiro os amigos: os aniversários da infância, dar e receber", publicado na revista "Educação & Sociedade", de maio/agosto de 2005. Ademais, nos seus estudos sociológicos sobre o mundo infantil, Sirota vem investindo no comparativismo em nível europeu e mundial. No ano passado, sob sua coordenação, foi publicada a coletânea "Éléments pour une sociologie de l`enfance" (Presse Universitaires de Rennes), que reúne ensaios de pesquisadores de vários países com o intuito de cotejar as práticas infantis em diferentes culturas.

 

     Os trabalhos recentes de Régine Sirota, portanto, procuram compreender os impasses e as potencialidades da infância contemporânea. Neste momento em que os estudos sobre educação infantil ganham ainda mais visibilidade no Brasil, eles são oportunos para pais, professores e educadores em geral.

 

*Professor na UDESC e autor de "A fabricação escolar das elites: o Ginásio Catarinense na primeira República" (Editora Cidade Futura).  E-mail: Ver email

 
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