Joinville- Na quinta tentativa seguida, o professor e Deputado Federal Carlito Mess foi eleito prefeito da maior cidade de Santa Catarina e maior colégio eleitoral do estado, no segundo turno, quebrando uma hegemonia de praticamente três décadas de administrações do PMDB.
O prefeito eleito de Joinville garantiu que entre os dias 15 e 20 de dezembro anunciará toda a sua equipe de governo composta por grande número de funcionários públicos municipais de carreira.
A aprovação do governo Lula, o “racha” do PMDB e seus aliados, a grande quantidade de debates que obrigaram os candidatos a mostrar o conhecimento da cidade em todos os seus aspectos, a persistência na vontade de administrar o município e a vontade de mudança do eleitor Joinvilense são consideradas, pelo candidato, algumas das razões de sua vitória.
Nos dias seguintes à eleição, um Grupo de Transição, sob a coordenação do Vereador Marquinhos Fernandes, iniciou o trabalho em busca de informações que facilitem a transição. O grupo tem uma sala no Centreventos Cau Hansen.
Em entrevista exclusiva à jornalista Maria Goreti Gomes, do Jornal da Educação, no dia sete de novembro, Carlito preferiu não antecipar nomes, mas garantiu que sua nova equipe de governo será composta por muitos funcionários e funcionárias públicas de carreira.
Entre as ações imediatas na área da educação, o novo prefeito garantiu que ainda em 2009, implantará pelo menos 20% de hora atividade, dentro da carga horária do professor.
Eleição direta para diretores de escolas e CEIs também estão nos planos do novo prefeito, mas o processo deve acontecer somente ao longo do mandato.
Carlito acredita que quando assumir o governo, em janeiro, já não haverá mais o turno intermediário em escolas municipais. Entretanto, se a conclusão das quatro escolas municipais em andamento não possibilitar o fim do turno intermediário, talvez ele seja mantido em algumas escolas. mas não sem antes consultar as comunidades. “Pois, onde tem problema social, como a necessidade da criança almoçar na escola, temos que pensar em outras opções”, sentenciou.
O pagamento da dívida junto a UNIVILLE, não implantação de ensino por ciclos, fim do turno intermediário, gestão democrática iniciando com a realização da Conferência Municipal da Educação são algumas das ações já anunciadas por Carlito.
“Vamos analisar os critérios de indicação, mudar ou não, a tendência é implantar eleições diretas nas escolas. Não é justo, até pedagogicamente, que se inicie o ano letivo com mudança total”
Direção de escolas e CEIs: Vamos analisar os critérios de indicação, mudar ou não, a tendência é implantar eleições diretas nas escolas. Não é justo, até pedagogicamente, que se inicie o ano letivo com mudança total. É óbvio que se tem que analisar os critérios de indicação. Participei da experiência nas escolas da rede estadual, onde num primeiro momento as escolas foram partidarizadas, politizadas. Por esta razão e por outras, neste primeiro momento, só podemos dizer que algumas diretoras vão continuar, outras vão ser substituídas.
“O que tem que acabar no Brasil é isso de transformar a sala de aula, a escola, que tem que ser um espaço de libertação, em espaço de opressão. Isso tem que acabar. A escola, a sala de aula é o grande espaço do debate democrático. É o espaço onde se teoriza e pratica a democracia. Ora, se tiramos isso da escola, que tipo de cidadão se formará lá? Esta é a grande discussão que tem que ser feita. Não podemos transformar, a cada quatro anos, a escola um espaço político partidário. Educar significa, inclusive, libertar, permitir o acesso à informação de toda ordem e, então, de posse dos conhecimento, por livre arbítrio, a pessoa vai se definir depois. O que tenho visto em algumas escolas da rede municipal é uma verdadeira opressão, a transformação de um espaço público em privado. Não estou dizendo que a escola é pior ou melhor em termos de qualidade do ensino. Agora, fundamentalmente, a escola precisa voltar a ser um espaço do debate, da democracia”, defendeu o prefeito eleito.
Hora Atividade: “A partir de 2009, vamos começar a introduzir 20% de hora atividade dentro da carga horária, até implantar os 33% previstos pela Lei que implantou também o Piso Nacional. O único compromisso que temos é com os 20%”, garantiu. “O artigo 42, do Estatuto do Servidor, recentemente aprovado, regulamentou e, existe desde 1988, no Plano de Carreira do Magistério o direito aos 20%. Isto vai demandar um estudo, um levantamento para rever a carga horária e as aulas excedentes, porque será preciso contratar professores”, acrescentou Marquinhos, coordenador do Grupo de Transição”.
Carlito explicou que no dia 26 de novembro, a equipe de transição entregará relatórios e estudos. “Temos que nos adaptar à nova legislação. E até o final de 2009, depois de conhecer a situação, estudar melhor e ver como nos adaptarmos com a nova grade. Agora mesmo que não quisesse, vamos ter que fazer. E isso vai implicar num aumento de gastos com a folha, teremos que verificar quanto e, então, implementar as mudanças”, frisou o prefeito eleito.
Ciclos: “O que conheço nesta área, foi resultado da experiência, quando trabalhei no CEDUP e participei da implantação do estudo por objetivos e não deu certo. Confesso que em função dos anos que estive fora da sala de aula, não tenho argumento técnico para dizer se é correto ou não”, registrou.
Já Marquinhos, argumenta que a proposta do PT é gerir democraticamente a educação. Nesta direção, pretende realizar a Conferência Municipal da Educação, para ouvir os professores, a comunidade escolar e os conselhos. “Pretendemos também ouvir e reestruturar o Conselho Municipal de Educação para ser um conselho consultivo e deliberativo. Somos favoráveis à participação dos conselhos gestores na discussão da política educacional do município”, enfatizou.
UNIVILLE: “Vamos pagar em dia a partir de janeiro e renegociar o atrasado”. Carlito que foi professor na Univille acrescentou ainda que todas as instituições de ensino superior e tecnológico da cidade, de acordo com as suas vocações, serão parcerias da prefeitura na realização de projetos específicos.