Os jogos Olímpicos de verão em Tóquio foram diferentes, não somente pelo fato de terem acontecido durante uma pandemia, mas sim por agregar novos esportes olímpicos como o Skate e Surf em sua lista. O Brasil por sua vez, não deixou de fazer bonito nas modalidades na qual é considerado uma potência. No Surf, o Norte-rio-grandense Ítalo Ferreira conseguiu a primeira medalha de ouro na estreia do esporte, sendo também a primeira medalha de ouro do Brasil. Já no Skate foram conquistadas 3 medalhas de prata pelos atletas; Kelvin Hoefler, Rayssa Leal e Pedro Barros nas categorias Street e Park. Vale destacar também que Rayssa Leal, a Fadinha do Skate é a mais jovem medalhista da história com apenas 13 anos de idade.
O que muitos não sabem, é que o surgimento de um esporte esta diretamente ligado ao outro.
A Prática de surfar dos Havaianos
O Surf geralmente esta associado ao Havaí, e não é para menos. Muitos especulam que a prática de surfar nasceu nas pequenas ilhas do oceano pacífico no final do século XVIII. Isso foi registrado no diário do capitão James Cook, que liderava uma viagem de exploração no pacífico Sul. Na descrição, Cook relatou que tinha visto os nativos surfarem próximo dá praia em pranchas de madeira maiores do que eles.
A introdução da prática de surfar no resto do mundo foi de forma gradual, e um dos principais responsáveis por isso foi Duke Paoa Kahanamoku, medalhista de ouro no estilo livre de 100 metros (1912 e 1920) que se dedicou a espalhar a prática do Surf pelo mundo.
A Califórnia como casa do Skate
Como dito anteriormente, o Skate está relacionado diretamente com o Surf, e não é para menos. Na Califórnia, os surfistas impossibilitados de ir para o mar começaram a criar uma adaptação da prancha em solo. Com tábuas de madeira, eixos e rodas de patins, começaram a surgir os primeiros protótipos dos Skates que conhecemos hoje. Com o decorrer do tempo, os “Surfistas de Asfalto” começaram a criar manobras e reproduzi-las sobre o novo equipamento (e também sobre as próprias pranchas de surf). Na década de 60, já com o nome de Skateboard, começaram a ocorrer os primeiros campeonatos, e também a criação do Skate vertical (Skate praticado em cima de uma rampa no formato de U). Nos anos 70 em diante a formato da prancha também acabou mudando, ganhando o Tail (pequena elevação na parte traseira que ajuda a fazer as manobras) e as rodas de poliuretano que ajudavam a ter um maior controle. Por fim, outro papel indiscutível foi o da mídia na divulgação, os filmes; De volta para o futuro(1986), Thrashin (1989) e Gleaming the cube (1989, com o nome de “Skates – Nas Pista da Morte” no Brasil) ajudaram a popularizar mais a prática entre os jovens.
Skate já foi proibido
Que o Skate foi e é também um movimento contracultural talvez não seja novidade, pode-se perceber isso através do conceito de tribos urbanas do sociólogo francês Michel Maffesoli. Segundo Maffesoli as tribos urbanas seriam; Um grupo de pessoas que compartilham entre si os mesmos hábitos, estilo de vida, interesses e atividades que geralmente são diferente da cultura principal.
No entanto, esse estilo de vida alternativo não agradava o prefeito de São Paulo durante a década de 80. Com a sede da prefeitura no parque do Ibirapuera e diversos praticantes no local, o então prefeito Jânio Quadros proibiu a atividade no local.
Os Skatistas protestaram no dia seguinte, mas a resposta por parte do governo local foi ainda pior, pois a proibição havia se estendido para toda a capital do Estado.
Somente na gestão da prefeita Luíza Erundina a atividade deixou de ser proibida na cidade.
Agradecimento especial ao Skatista Guarulhense Lucas Antônio Cuca, por ajudar com as bibliografias.
