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Jornal da Educação

De onde vem (Edição Abril/2021)

MANGÁS, A INDUSTRIA CULTURAL JAPONESA EM QUADRINHOS

Escrito por Renato Camilo Simão

"Naruto" é um dos mangás mais populares  da atualidade.  Seu criador, Masashi Kishimoto utiliza diversos elemento do folclore japonês.

Dos ninjas habilidosos aos gigantes devoradores de homens, as histórias em quadrinhos japonesas, denominadas de mangás são certamente um dos maiores atrativos para aqueles que começam a ter algum tipo de contato com a cultura nipônica, em especial os jovens. Essas histórias abordam os mais variados tipos de assuntos como esportes, aventuras, romances, ficção científica ou até robôs de combate.

Os mangás também possuem outra característica notável, a sua variedade visto que o mesmo é destinado para diferentes grupos sociais e faixas etárias (embora nada impeça uma pessoa ler aquilo que mais lhe agrada), por exemplo: O shonen, categoria voltada para garotos de até 18 anos, geralmente possui atrelado valores como, amizade e superação em seu enredo (Naruto, My Hero Academia).

Para os homens mais velhos há o seinen, nesse tipo de mangá, questões ligadas à violência e erotismo são apresentadas com frequência (Vagabond, Jojo’s Bizarre Adventure). Já para as mulheres também há duas categorias dirigido ao público, o Shoujo e Josei, pode-se dizer que ambas fazem opostos as masculinas, enquanto o shoujo oferece uma leitura onde os sentimentos e afetividade são empregados enquanto o josei representa o amadurecimento desses aspectos.

 

UMA MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA

Outra peculiaridade em relação a esse material, é sobre a sua origem que ao ser investigada, se percebe que é fruto de séculos entre o florescimento cultural local e posteriormente o intercambio artístico com o ocidente. O Japão em si é um arquipélago de ilhas localizadas ao leste do continente asiático na Ásia oriental que a princípio recebeu uma forte influência chinesa e coreana durante o primeiro milênio, resultando na chegada e evolução de elementos relacionados a escrita, plantio, artes e organização social.

Os Emakimonos foram uma consequência disso, se tratam de pinturas em rolos que à medida que são desdobrados narram uma história. Um dos mais famosos é o Chojugiga, do monge Kakuyu Toba (1053-1140), onde animais ganham características e comportamentos humanos.

No período Edo (1603-1868), após a sangrenta batalha de sekigahara, o país mergulha em um politica isolacionista com o mundo exterior, por causa dessas atitudes o mercado interno prosperou, favorecendo cada vez mais a classe de mercadores, que por sua vez procuraram abastecer o mercado com novos tipos de entretenimentos. É nesse momento em que os Ukiyo-ê aparecem, xilogravuras que utilizavam uma prancha de madeira matriz. Um dos mais famosos artistas dessa arte foi Katsushika Hokusai com duas obras em destaque, as 36 vistas do monte fugi e o Hokusai mangá (temos aqui a origem nome).

Já no final do século XIX, o país é obrigado a se reabrir novamente para o mundo, especialmente pelo fato da vinda da frota de navios americanos. Desse modo o contato com outras culturas voltou a ocorrer novamente, Cartunistas que viajaram para a região durante a época acabaram influenciando os habitantes locais, que uniram a sua arte às técnicas estrangeiras.

Após a segunda guerra mundial, a indústria de quadrinhos precisou se renovar mais uma vez, Osamu Tezuka foi um dos precursores nesse momento, além de desenvolver obras com histórias empolgantes, também conseguiu acrescentar dinamismo em suas páginas, influenciando diversas outras gerações de mangakás talentosos que viriam a surgir.

Por fim, se considerarmos os aspectos históricos e artísticos da cultura japonesa, podemos chegar há uma conclusão de que os mangás não são apenas entretenimento, mas inclusive uma forma de “consumir uma arte” pelas camadas mais baixas da sociedade.

 

Renato Camillo Simão  é aluno do 7º semestre do Curso de História, Faculdades Integradas de Ciências Humanas, Saúde e Educação de Guarulhos (Orientado pelo professor Leandro Villela de Azevedo).

 
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