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Jornal da Educação

De onde vem (Edição Agosto/2019)

Quem foi a pessoa mais rica de todos os tempos - II

Escrito por Leandro Villela de Azevedo

Na edição passada começamos a falar sobre quem teria sido a pessoa mais rica de todos os tempos e vimos que essa pergunta é muito relativa, depende do método utilizado para se medir a riqueza. Naquela ocasião usamos o método de transformação direta do valor, em dólares, das pessoas e aplicamos a regra de reajuste inflacionário.

Mas e se formos tentar descobrir a pessoa mais rica de todos os tempos indo para épocas bem mais remotas, antes de existir qualquer moeda moderna. Período em que essa relação não pode ser feita, como ficaria? Neste caso teríamos de novo um outro desafio, considerar apenas a “riqueza pessoal” ou considerar a riqueza do governo no caso de um governante absolutista (que seria “dono” de toda a riqueza do governo)?

Se considerarmos riquezas separadas provavelmente o homem mais rico que já existiu foi Júlio César. (Ué, mas César não era Imperador de Roma?... não, pior que não, o filho adotivo dele Otávio César Augusto teria sido de fato o primeiro imperador).

Roma é a criadora da República (Rés – coisa / Pública – de todos) por conseguinte os Romanos são os primeiros a conseguirem separar de fato a riqueza de uma parte da população (particular) e a riqueza coletiva (pública). O Senado governava Roma (ao menos até a época de Augusto) e a riqueza pessoal de cada senador não se misturava com a riqueza do governo romano (ao menos em teoria, pois casos de corrupção eram comuns) – Roma, por praticamente ter “criado” essa separação (ou as leis que regem essa separação nas quais baseados nosso direito até hoje) incentivava muito a iniciativa privada.

E para os romanos havia 3 atividades muito lucrativas: o comercio de escravos, o fornecimento de comida para as grandes metrópoles – especialmente Roma – e a Guerra. ... Isso mesmo, a Guerra não era uma atividade apenas pública.

Na verdade era muito comum exércitos particulares irem em missões particulares para gerarem lucro particular (do qual uma parte era revertida ao governo romano) – O fato é que Caio Júlio (que futuramente seria chamado de Júlio César) foi o maior desses conquistadores particulares. Em uma aliança com outros dois grandes empreendedores da guerra (Crasso, que venceu Spartacus, e Pompeu, homem mais rico de Roma até então).

Desta aliança chamada Triunvirato, eles criaram um monumental exército para além do exército oficial romano e conseguiram tantas riquezas que chegaram a desafiar o exército oficial. Roma passou por uma guerra civil, Crasso foi derrotado, e no final, Júlio César passou a controlar esse exército sozinho. Com ele venceu os Gauleses (Celtas) os Gregos, os macedônicos. Assim, tinha posses na Europa e Ásia e, após casar com Cleópatra, tinha também riquezas e poder muito maiores do que o governo Romano (do Senado) em si.

Por outro lado, se considerarmos a união entre riquezas do governo e do monarca absolutista, então a situação se torna ainda mais difícil de medir. Hu Ze tian, imperatriz chinesa que criou a Rota da Seda e expandiu o império Chinês para o ocidente consegue uma época de prosperidade sem igual controlando o mercado mundial de especiarias muito antes das Navegações.

Felipe II, imperador do Império espanhol controlava mais da metade dos reinos da Europa (como Portugual, Espanha, Sacro Império, Holanda, Hungria) além de colônias nos outros quatro continentes (conquistou os Incas, os Astecas, dominava as colônias portuguesas na África, América e Ásia e um país atual até tem nome em sua homenagem, as Filipinas).

Gengis Khan e seu sucesso Kublai Khan conquistaram além de praticamente toda a Ásia parte da Europa, tendo saqueado riquezas do Império Chinês, da Índia, Oriente Médio, entre outros. Cada um desses, em seu momento, sem sombras de dúvida, foi o mais poderoso e mais rico. Vale ressaltar, ao mesmo tempo, que é muito difícil comparar as riquezas entre si.

 
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