O termo URSAL (União das “Republiquetas” Socialistas da América Latina) foi inventado como piada de uma professora aposentada em crítica ao encontro de partidos de esquerda (Foro de São Paulo).
O termo sobreviveu por conta de teóricos da conspiração da extrema direita chegando à tona quando o candidato à presidência pelo PATRIOTAS, Cabo Daciolo resgata o termo (crente de sua existência real) e acusa em rede nacional, durante o debate presidencial, a Ciro Gomes (também candidato) de tentar implementar tal plano socialista. O que era uma piada restrita em 2001, virou piada generalizada com foco em mostrar o despreparo dos políticos em geral.
O termo viralizou na Internet, de Twitter a Facebook, charges e memes foram criados, até mesmo camisetas e canecas comercializadas, chegando até mesmo a criarem o “mascote” da ursal (uma adaptação dos Ursinhos Carinhosos). Tudo não deixou de ser uma grande piada, mas a questão pode gerar uma reflexão interessante.
Descartando o termo “socialista” (por acreditar que a Guerra Fria realmente já acabou) vamos refletir um pouco até que ponto Uniões de Países (Estados) independentes podem ou não ser uma boa ideia.
Temos na história alguns exemplos de Uniões que foram extremamente bem sucedidas, enquanto outras definitivamente não deram nada certo.
Vejam o caso das 13 colônias independentes na América do Norte que em 1776 ao declararam independência contra a Inglaterra resolveram se unir para vencer a guerra contra o inimigo mais forte.
O mote da União era UNITE OR DIE (Unir ou Morrer) Estamos falando dos Estados Unidos, que se tornou a maior potência do mundo atual. A prova de que a ideia de União ia para além das 13 colônias que já tinham alguma conexão entre si é que mesmo após vencerem e conseguirem formar o país, independente continuaram a unir os novos territórios conquistados em estados da união.
Até quando conquistaram uma boa parcela do México (atual Texas, Novo México e Califórnia) anexaram essas regiões mantendo suas soberanias, garantindo cidadania aos seus membros e representatividade no governo federal.
A União Europeia é outro caso de reflexão, mesmo após o Brexit (saída do reino unido do grupo) é perceptível que a UE Unida cresceu como um conjunto mais do que a média de crescimento dos países separados antes da união ser feita. E mesmo as partes que sofrem crise conseguiram grandes apoios financeiros das que estão mais estruturadas (em especial se referindo aos apoios que a Alemanha deu à Grécia, e que de nada impactaram a economia Alemã).
A Iugoslávia poderia ser um exemplo parcial. O país surgiu enquanto reino em 1918, formado por Bósnia Croácia, Sérvia, Montenegro, entre outros, para tentar fazer frente a expansões imperialistas e por medo de novas guerras que pudessem ocorrer (a 1ª Guerra Mundial estava se encerrando).
A União durou até a década de 90, e garantiu certa autonomia ao grupo unificado, mas não foi capaz, por exemplo, de impedir o avanço do socialismo. O maior motivo do que pode ser considerado o seu fracasso no entanto é a forma violenta pela qual chegou ao fim, devido ao tamanho da violência no conflito a sua desintegração chegou a ter a participação da OTAN e dos Estados Unidos.
Talvez o exemplo mais mal sucedido venha da própria América Latina. Quando o libertador Bolívar, após a independência da “América Espanhola” propôs que todas as colônias se unissem, à semelhança das colônias portuguesas (que formaram o Brasil) e das colônias inglesas (que formaram os Estados Unidos).
Além da ideia não sair do papel fez com que as outras lideranças da independência tenham se voltado contra o próprio Bolívar e seu assessor direto Sucre. Estes chegaram mesmo a serem perseguidos e mortos, e basicamente o que sobrou de suas ideias foi apenas um país, chamado Bolívia, que após os processos se independências internas perdeu até o seu acesso ao Mar. Ao invés de se unir acabaram por gerar mais divisões que as colônias originais formando do que antes eram 7 colônias (vice reinos) se tornarem dezenas de países.
