Escrito por Leandro Villela de Azevedo
Caros leitores, vou aproveitar o meu espaço no JORNAL DA EDUCAÇÃO para indicar um site (www.politicalcompass.org), algo que nunca fiz antes.
Estamos vivendo momentos na política brasileira que podem ser considerados de peculiares e bizarros, pessoas falando em emancipação de parte do Brasil (imaginem surgir Brasil do Sul separado do Brasil à semelhança do Sudão que se separou em Sudão do Sul e Sudão) outros falam na volta ao regime militar, além de outras estranhas propostas.
Nessas épocas me pareceu que o site www.politicalcompass.org poderia auxiliar às pessoas a pensarem sobre suas próprias convicções políticas. O site através de diversas perguntas simples auxilia a refletir sobre suas convicções, o posicionando segundo o diagrama de Nolan, um modelo que vai além do simples “Direita x Esquerda”
David Nolan, político americano que viveu durante a Guerra Fria, coloca em dúvida se a simples divisão direita e esquerda poderia de fato ser eficiente em seu mundo, especialmente ao analisar o governo de Hitler, considerado de direita e o de Stalin, considerado de esquerda, e ver tantas semelhanças entre eles (censura, trabalhos forçados, polícia política, culto à personalidade, etc)
A divisão em direita e esquerda vem dos tempos da Revolução Francesa e há duas formas mais comuns de se interpretar esse termo, embora eles tenham a mesma origem.
Os que se sentavam nas cadeiras da direita defendiam a monarquia, o conservadorismo, os grupos de elites e as propriedades feudais, enquanto os que se sentavam à esquerda queriam mudanças, reforma agrária, distribuição de renda e de bens.
Mas e quando partidos de esquerda assumem o poder, eles passam a ser chamados de direita? Em vias de regras não se usa mais a ideia de “direita” para quem está no poder e “esquerda” para a oposição.
Direita refere-se àqueles que crêem que a principal função de um governo é estabilizar a economia e que com a economia estável as empresas crescem, geram empregos e isso como um todo faz o país crescer, sendo benéfico a todos, no final das contas.
Já os de esquerda acreditam que independente da economia e as empresas crescerem, a principal função do governo deve ser gerar igualdade social, e que sem igualdade não há verdadeiro avanço.
A divisão entre quem está no poder e quem não está seria: partidos de ocasião são os que estão no poder, e os de oposição, os que tentam entrar no poder.
Mesmo assim, segundo Nolan, era preciso ir para além disso, e ele propõe um outro eixo entre totalitário e libertário.
Sendo que os totalitaristas seriam aqueles que acreditam que o governo deve controlar mais aspectos da vida das pessoas, sendo mais forte, e os libertários os que acreditam que o governo deve intervir o mínimo possível.
Desta forma, Hitler é de direita, e Stálin de esquerda, mas ambos totalitários.
Já Gandhi, que pregava a igualdade das raças e das religiões em ações civis, mas sem a interferência do governo, seria libertário de esquerda, enquanto os neoliberais, como Fernando Henrique, que lutam pelo avanço econômico mas com pouca intervenção do governo, inclusive através de privatizações, seriam os libertários de direita.