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Jornal da Educação

Psicologia e Educação (Edição Março/2009)

O que vamos avaliar? Avaliação: Na escola real, longe do ideal

Escrito por Gilmar de Oliveira

A avaliação numa concepção de Educação para a cidadania e para a autonomia (Pierart, Fonseca, Morais, Perrenoud, dentre tantos) tem a ver com a análise dos fatores adquiridos pela pessoa, ainda num processo de constante aprendizagem e com o desenvolvimento de habilidades e das competências necessárias para resolver situações desafiadoras.

Inteligência, numa definição simples e eficaz: é a capacidade de resolver problemas. Ou seja: se somos capazes de responder perguntas abrindo um livro, pesquisando na Internet ou sabendo-as decoradas "na ponta da língua", cada um destes estabeleceu uma relação adequada com o problema e resolveu-as. Ainda não representa aprendizagem, tampouco avalia o aprender eficaz.

A aprendizagem se dará no cotidiano do aluno frente à necessária utilização desse saber: da acomodação à equilibração (Oi Tio Piaget!!). Como avaliar isto? Nas simulações do cotidiano, nos jogos, na ludicidade.

Assim, perguntas mortas ou conteúdos fora de contexto não representam problemas reais ou plausíveis de um educando que não vivencia aquele assunto na sua vida ou não vê a sua vida inserida no problema.

Portanto, avaliar é medir o grau de interação do educando com os objetivos propostos no planejamento, coisa nas raias do impossível na educação brasileira, onde quase ninguém planeja e ninguém se importa com os objetivos e finalidades do que é "ensinado" em sala de aula.

Os métodos brasileiros de avaliação escolar são arcaicos, desinteressantes, mal formulados.

Sem contar que muitos professores punem os alunos com provas complicadas porque foram indisciplinados nas suas aulas. Além de não resolver a indisciplina, ajuda a confirmar quem são os fracassados. Claro: quem haverá de mostrar que são vítimas de aulas chatas e de conteúdos mortos e de provas ou trabalhos sem pé nem cabeça?

Se complicassem para fazer pensar, ainda assim estariam afastando o conhecimento do cotidiano.

Mas fazem provas, muitas vezes, que sequer os próprios mestres responderiam corretamente. Claro, os alunos fazem o papel dado: nem se preocupam em ler ou tentar responder... mesmo se a avaliação estiver fácil, vestem a carapuça de seres inúteis punidos pelo professor todo-poderoso.

Os trabalhos apresentados para a classe por leitura parecem os tais pelotões de fuzilamento: meia dúzia de estudantes embasbacados e em pânico para soletrar palavras que não entendem e assuntos que não dominam para uma sala dividida pelo medo da apresentação e o desinteresse de saber do que se fala na apresentação.

Avaliar um aluno por suas dificuldades é contraproducente, mas é hábito. É comum, mas não é normal. Uma visão ideal: avaliar o aluno pela aquisição de habilidades a partir do que foi trabalhado em sala de aula, por aquilo que ele consegue encontrar e pelo sentido que lhe faz e pelo canal que ele sinta-se em condições de expressar.

Mas isso requer tempo, liberdade trabalhada com responsabilidade, salas menores, com, no máximo, 15 alunos: uma utopia no Brasilzão.

Maquetes, jograis, teatros, trabalhos escritos, então... Mal servem para estimular crianças menores nos dias de hoje e fogem totalmente do foco do conteúdo, representam "perfumaria", nunca aprendizagem efetiva de conceitos, salvos raros, muito raros exemplos... devem estar fora de qualquer conceito avaliativo sério.

A velha e boa prova é eficaz quando contextualizada e quando a classe domina a linguagem utilizada.   Quando as questões, bem formuladas e fazendo sentido, possam ser analisadas com calma, com interação e com recursos (livros, computadores) que permitam o acesso à informação.

Trabalhos práticos embasados em projetos temáticos com uma motivação a partir de questionamentos que respeitem o desenvolvimento cognitivo e a maturidade cerebral do aluno, que respeitem sua cultura e a aplicabilidade dos conhecimentos na realidade de vida ainda são situações utópicas, mas possíveis quando a escola tem elementos sérios vinculados com o aprender de verdade, que se fazem para a vida do aluno, para oferecer-lhe opções de vida e condições de escolha que vão além dos enlatados trazidos no lixo ideológico dos livros didáticos brasileiros.

 
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