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“O principal desafio que enfrentamos como mães na universidade é justamente conseguir permanecer nela”, relata Bruna Costa, estudante de Design Gráfico e integrante do Coletivo de Mães da Udesc. Com o objetivo de criar um espaço de acolhimento e lutar por políticas que promovam a permanência e o êxito das mães na universidade, estudantes do Centro de Artes, Design e Moda (Ceart) e do Centro de Ciências Humanas e da Educação (Faed) se uniram em setembro de 2023 para a formação do grupo.

A ideia de fundar um coletivo surgiu de uma conversa entre Carolina Daudt, estudante de Artes Visuais, e Marina Chaparro, estudante de Geografia. “Nós duas passamos por muitas dificuldades no caminho da graduação, pois precisamos levar nossas filhas bebês para as aulas. A necessidade de acolhimento e apoio foi o ponto de partida para unirmos forças em busca de melhores condições para as mães estudantes”, relatam.

Para dar voz e visibilidade a essas questões, as duas perceberam a importância de uma entidade dedicada exclusivamente às suas demandas. Algumas das pautas levantadas pelo coletivo são: a necessidade de espaços adequados para crianças e bebês, mais fraldários privativos, auxílio parentalidade, acesso gratuito ao restaurante universitário para crianças de até 12 anos, moradia estudantil com áreas específicas para mães e seus filhos, além de creches e espaços de contraturno.

Muitas dessas estudantes assumem uma tripla jornada de trabalho, equilibrando estudos, trabalho e cuidados com a casa e filhos. “A sobrecarga materna é ainda maior, então a criação de políticas de permanência materna facilitaria nossa formação acadêmica, de forma a nos sentirmos acolhidas e amparadas para passar por esse momento com menos desafios”, destacam as participantes.

Atualmente, o coletivo conta com cerca de 36 mães no grupo do WhatsApp e dez participantes ativas das reuniões. O coletivo ainda está em construção e é aberto para todas as mães e responsáveis legais, sejam estudantes, servidoras ou terceirizadas, além de pessoas interessadas na causa. As integrantes estão trabalhando na formulação de um documento com suas demandas e organizando um formulário para mapear as mães estudantes da Udesc, a fim de identificar suas principais dificuldades e traçar um perfil mais detalhado das necessidades do grupo.

As ações do Coletivo de Mães da Udesc podem ser acompanhadas neste perfil do Instagram. 

Políticas para mães estudantes na pós-graduação

A diretora de Pesquisa e Pós-Graduação do Ceart, professora Viviane Beineke, explica que nos últimos anos vêm sendo ampliadas as políticas comprometidas com o Parent in Science — movimento que surgiu com o intuito de levantar discussões sobre maternidade e paternidade dentro do universo da ciência do Brasil. "Essa discussão está cada vez mais presente nas políticas de formação em pesquisa, incluindo a própria Plataforma Lattes, que hoje disponibiliza um espaço para inclusão de períodos de licença maternidade", relata a docente. Na Udesc, o debate em torno do tema foi proposto pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPPG), por meio de um Grupo de Trabalho formado em 2021.

No Ceart, alguns editais contam com critérios diferenciados para candidatas mães. Na seleção de bolsas do Programa de Pós-Graduação em Música (PPGMUS), por exemplo, para candidatas que tiveram filhos por adoção ou gestação nos últimos cinco anos, o período a ser considerado para pontuação da produção intelectual é ampliado em um ano para cada filho. Além disso, mães solo estão entre as prioridades no ranqueamento das candidaturas. O Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV) e o Programa de Mestrado Profissional em Artes com área de concentração em Ensino de Artes (Prof-Artes) também irão incluir critérios semelhantes em suas seleções de bolsas.

Assessoria de Comunicação da Udesc Ceart
Por Luiza Vianna, estagiária de Jornalismo, sob supervisão da jornalista Carolina Dall'Agnese.
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